Prender-se em esperanças

Faz falta aquele, que os sonhos decifrava,

Que de certa forma indicava o caminhar;

Que a vida, com sua alegria a enfeitava,

Fosse com palavras, gestos ou com versar.

Hoje o muro se ergue ainda mais, recurso,

Que o coração usa para não sofrer, recluso;

Tenta sobreviver como num intensivo curso,

Ignorando fatos, se fazendo, sem ser, obtuso.

E versos saem imaturos, regados em saudade,

Entre faces de agora, longínquas lembranças;

Perdem-se nesse presente chamado realidade,

Prendem-se, teimosas em nossas esperanças.