Recolher-se
É hora de parar neste porto,
contar o que sobrou e
recolher-se ao próprio corpo.
Aprender a orar um pouco,
cantar, que seja baixinho
e deixar que nos achem louco.
É hora de acabar o bordado
que por inércia ou vergonha,
ficou esperando, guardado.
Suportar calado a amargura,
desatar um pouco dos nós,
até restar uma doce ternura.
É hora de visitar nossa alma
esquecida sabe-se lá onde,
a esperar um momento de calma.
Porque lá fora, tudo enjoou
e o amor que tinhamos antes,
igual ave rebelde, voou.
É hora de rezar o credo, enfim
e acostumar-se com essa dor;
jurar que não amaremos assim,
até encontrar um novo amor !