Recolher-se

É hora de parar neste porto,

contar o que sobrou e

recolher-se ao próprio corpo.

Aprender a orar um pouco,

cantar, que seja baixinho

e deixar que nos achem louco.

É hora de acabar o bordado

que por inércia ou vergonha,

ficou esperando, guardado.

Suportar calado a amargura,

desatar um pouco dos nós,

até restar uma doce ternura.

É hora de visitar nossa alma

esquecida sabe-se lá onde,

a esperar um momento de calma.

Porque lá fora, tudo enjoou

e o amor que tinhamos antes,

igual ave rebelde, voou.

É hora de rezar o credo, enfim

e acostumar-se com essa dor;

jurar que não amaremos assim,

até encontrar um novo amor !

Riva
Enviado por Riva em 13/06/2007
Reeditado em 13/06/2007
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