Farpas
.:.
Farpas
Eu ontem revivi o hoje
num passado
muito presente dentro de mim.
Estive presente.
Fui presente e me doei.
Dei-me de presente,
num pacote velhinho...
Embrulhado no pão de ontem
que comi, requentado pão.
Expandi.
Ao ler Drummond,
explodi de alegria, faiscando versos.
O céu se encheu de pedras.
caíam no descaminho da gravidade;
tinha um sonho petrificado.
Ao cruzar a atmosfera,
esfacelou-se...
Caiu na cratera da tua indiferença,
fincando profundas raízes.
Tinha raízes.
Raízes de caracóis.
Nos nossos mundos,
nos nossos sóis,
perderam-se nas teias dos lençóis,
desarmando o futuro do nosso presente...
Embrulhado no papel reciclado do pão
que, felizmente, não comi.
Nijair Araújo Pinto
Crato-CE, 04 de maio de 2015.
23h43min
.:.