Farpas

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Farpas

Eu ontem revivi o hoje

num passado

muito presente dentro de mim.

Estive presente.

Fui presente e me doei.

Dei-me de presente,

num pacote velhinho...

Embrulhado no pão de ontem

que comi, requentado pão.

Expandi.

Ao ler Drummond,

explodi de alegria, faiscando versos.

O céu se encheu de pedras.

caíam no descaminho da gravidade;

tinha um sonho petrificado.

Ao cruzar a atmosfera,

esfacelou-se...

Caiu na cratera da tua indiferença,

fincando profundas raízes.

Tinha raízes.

Raízes de caracóis.

Nos nossos mundos,

nos nossos sóis,

perderam-se nas teias dos lençóis,

desarmando o futuro do nosso presente...

Embrulhado no papel reciclado do pão

que, felizmente, não comi.

Nijair Araújo Pinto

Crato-CE, 04 de maio de 2015.

23h43min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 04/05/2015
Reeditado em 21/10/2015
Código do texto: T5230988
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