Duvido

Se, você chegar de repente,

Implodindo o muro que há entre a gente,

Não guardarei nenhum pedacinho para mim,

É óbice besta, nada histórico como o de Berlim...

Se, você chegar de repente,

Depreciando a mesma solitude minha linda,

Dando largas asas ao teu sangue quente,

Farei-me ramo para teu pouso, bem vinda!

Se, você chegar de repente,

Quebrando tudo em cega diatribe ao Fado,

Serei mui doce se te parecer conveniente,

E grave quando demandares sal para o gado...

Sabes bem que falseia o solícito coração,

Nada ele vale pra levar um papo cabeça;

Não chegas, é vero; quer saber? Não quero,

Não acredito nem espero, até que aconteça...