Enigmática
Quisera ter talento para um poema épico,
Que rompesse a barreira desse modo tácito;
Pois, não basta pro atrevimento dum cético,
Meias palavras, signos, melhor, franco, lícito...
Por enquanto, esse rebuscar meio sôfrego,
De pistas que me mostrem de modo nítido;
Pra acabar com esse claudicar todo trôpego,
E andar contigo em um novo e belo ritmo...
Tuas digitais ludibriam minha lupa diáfana,
Pois, de ambigüidades trazem a amálgama;
Ora, soa guitarra e outra me parece pífano,
E dubiedade confunde um ser monógamo...
Serei o alvo dos sinais de fumaça, tímidos,
Ou, mero sonhador nesse anseio cálido
Nisso a diferença entre parabéns e pêsames,
Entre o gol anulado e o tento que é válido...
Tuas torres gêmeas atiçam o instinto bárbaro,
Pronto pra fazer um estrago grande, único;
Tuas alvas colunas são de meu desejo o lábaro,
Que assola devaneando com teu colo úmido...
Mas, terrorista é a solidão essa dama rústica,
Eu sou de paz, porém, abrigo uma sede bélica;
Que só seria saciada de amor, a fonte mística,
Que vence a sede e também a lacuna famélica..
Segues discurso em grego, mas, aprendi o sigma,
Alfa, ômega, beta, gama, do alfabeto partícipes;
Com tais letras Édipo decifrou da esfinge o enigma,
E num passe virou rei, sem sequer ser príncipe...