O cego de Jericó

O Cego de Jericó (01)

Numa cidadezinha antiga, já faz uns dois mil anos,

Vestindo trapos de panos, vivia um pobre mendigo!

Meditava ele consigo, pensando com seus botões: "se

abrissem os portões e entrassem cidade a dentro..."

Então, sentado e atento, aguardava sua sorte:

"Talvez antes da morte ela viesse abraçá-lo."

E tendo por conta disto, o sonho de um imprevisto,

estava sempre alerta por um acontecimento.

D’algum modo em si dentro alguma coisa previa,

certo de que algum dia viesse ao seu encontro

e de pronto lhe ajudasse, sem dele nada exigir.

Mas grande acontecimento, proporcionar-lhe-ia algum dom,

advindo de um ente bom, que visse sua miséria?

Só algo inusitado, Espírito incorporado,

um ente muito inspirado, um ser, fora da matéria !

Ficava ali prostrado, na porta de Jericó,

ouvindo o que lhe contavam, anedotas, fantasias,

poucas moedas trazia, suado e sujo de pó,

quase sempre estava só, até que um certo dia...

Alguém passou por ali, falando alto, com espanto,

que havia tido um encontro com o Messias em Samaria.

Discursava com alegria, propagando a todo canto,

que o mestre divino e Santo para Jericó viria.

Pra esta alma vivente, cuja vida era cruel,

sua alma um mausoléu, ver o céu e as nuvens brancas?

Ouviu dizer: "Até quem manca, lhe curou Emanuel!"

Da água, também fez vinho, e até sangramento estanca!

Era a oportunidade, com idade já avançada,

que o cego esperava, dia a dia paciente:

Que o Senhor, um Santo ente, passasse pela estrada,

na calçada gritaria, em alta vós eloqüente!

Num belo dia do mês,

desta vez, não era Roma com barulho de cavalos,

soldados em gritaria, nem carros, ou infantaria,

que toda cidade toma!

Era um andar mais suave, como um som de romaria.

Ouviu um homem dizendo: é Ele mesmo, vem aí!

entrando em Jericó, vestido de carmesim!

Pôs-se o cego a gritar: filho, ó filho de Davi!

Tu és a Misericórdia, tende piedade de mim!

Deram-lhe um chega pra lá, empurrando o pobre cego,

com ego de quem tem posse do plano da salvação.

"Não fico calado não, a minha benção eu pego,

não sossego enquanto o Mestre não me der Sua atenção!

De repente um silêncio... Pararam todos então!!!

E alguém com educação, tomou ao cego a mão,

que não nego, estava ansioso, em meio à multidão.

E ouviu uma voz tão doce, como doutro mundo fosse:

Penetrou-lhe dentro fundo, no centro do coração!

Que queres que Eu te faça, o que te enlaça, que desejas?

Meu Senhor, que o cego veja, que eu esteja em tua graça

e a desgraça dessas trevas, como névoa se desfaça.

Está feito, filho: VEJA!

José Aparecido Ignacio 31/07/2013

José Aparecido Ignacio
Enviado por José Aparecido Ignacio em 14/02/2015
Código do texto: T5136580
Classificação de conteúdo: seguro