Eu, poeta.
Eu quero sim, ser poeta
E com palavras certas
Recriar o meu viver.
Garimpar as palavras
Ganhar novas estradas
Nova(mente) nascer.
Eu quero sim, ser poeta
E como novo atleta
Competir e vencer.
Enfrentar a própria vida
Numa luta aguerrida
Tentar sobreviver.
Eu quero sim, ser poeta
E numa bicicleta
O mais longe chegar.
É bem árdua missão
E com as próprias mãos
Meu legado deixar.
Eu quero sim, ser poeta
Com a porta entreaberta
Romper o meu destino.
Através deste verso
Agora lhe confesso
Este meu desatino.
Eu quero sim, ser poeta
Na loucura concreta
Nesta louca porfia.
Encantar com meu canto
Derramar os meus prantos
Fazer noite, ser dia.
Eu quero sim, ser poeta
E agora só me resta
O meu canto florir.
Embalando teu sono
Numa noite de outono
Te fazendo dormir.
Eu quero sim, ser poeta
Esta é a coisa certa
A quem vaga no mundo.
Os mil encargos postos
E nesta hora eu gosto
De ser um vagabundo.
Eu quero sim, ser poeta
Pra fazer uma festa
De minhas agonias.
Descarregar meu peito
Procurando um perfeito
Jogo de melodia.
Eu quero sim, ser poeta
Numa missão secreta
A todos enganar.
Fazer estripulia
De noite, ou de dia
Para o mundo salvar.
Mesmo sendo eu um poeta
Uma coisa bem certa
Que ninguém desconfia.
É que o poeta persiste
Mas quem mesmo resiste
Ao tempo, é a poesia.
Pedro Barros.