Natal de Alguém Amazônico

Belém, 20 de Dezembro de 2014.


Em dezembro choveu no chão da Amazônia
Lavou todas as minhas agonias
Tanta gente igual a mim que assim sonha
Bem mais justo e mais leve nossos dias

Talvez a estrela de Belém esteja por aí
Para expurgar tudo que existe de mal
Da rua cimentada
À várzea inundada
Que bom é um abraço de Natal

Imagino o quanto pode ser bonita a neve
Brancura que dizem até a vista se perder
Contudo nosso Norte nada há que se deve
As flores ali deixadas tão gentil o Ipê

O homem que ilumina a sua casa de luzes
A mulher que traduz sua arte em um pano
Vaga-lumes no olhar
Jesus filho a remar
Pro rumo de um Feliz Novo Ano

A enchente vai tomando devagar seu lugar
Na rede o inverno deita junto a família
A manga avisa que começa a aterrissar
Junto-a risonhos eu e minha filha

São tesouros que inspiram os tristonhos
Convidam a todos nós para a dança
Se puder que venham mais
No peito tendo a paz
Abraçados com a Esperança