Desistindo
Sou como barco velho
ancorado no porto esquecido,
há um resto de onda, saboreando
meus cascos, um grão de areia cochila enquanto
a gaivota amanhece nos rastros do sol.
Estranha manhã e a minha alma parcelada
desiste de seguir seu curso.
Eu não sabia que devia abrir meus olhos
quando o silêncio-púpura abdicasse do meu corpo
insistindo meus passos por essa areia áspera-úmida
eu não queria sentir o gosto de vida sem melodia
e nem tão pouco seguir navegando em ritmo de uma nota só.
Eu só queria que minha alma voltasse pra casa.