Subindo pelo nada e pelo tudo
Vejo no alto o cume de uma montanha
Talvez lá haja a paz do silêncio e de ninguém.
Decido subir e tenho comigo muitos equipamentos
para essa missão... Nunca vou despreparado.
Subo, subi... ando, caminho. Me corto.
O calor me faz suar, ter tonturas, sede.
Bebo o cantil todo, ainda tenho outros.
Olho para baixo e não subi nada ainda.
Para por dez minutos, ou uma hora, não sei.
Esqueci meu relógio... talvez um dia todo se passou
e eu nem notei a noite cair sobre mim.
Respiro e volto a subir.
Essa mochila pesa demais, mas não posso deixá-la.
O peso parece duplicar. Luta!
A raiva de carregá-la me deixa mais determinado
a subir... a ir... a respirar sem pesos.
Ah, que canseira, veio a descrença.
Talvez eu possa parar por aqui mesmo e noutro dia
enfrento essa tormenta.
Mas outro dia talvez eu já não queira mais.
Se ela fosse um pouco menos alta eu já estaria lá em cima
mas se assim fosse acho que não a teria enfrentado.
Caos. Confusão. Esperança... tudo igual em suas especificidades.
Tudo e nada. O nada que me movimenta.
E se um furacão passasse aqui agora?
Me levaria para ainda mais alto?
Me deixaria voar um pouco antes de voltar para o chão?
De qualquer maneira eu ficaria ainda mais tonto, mas livre?
Levo e vou subindo. Pensar não adianta.
O propósito era o cume da montanha.
Um robô ou uma máquina não se questionaria tanto.
Subiria e pronto.
Se eu perdesse a razão e os pensamentos...
e não precisasse de água ou alguma coisa para mastigar...
estaria lá agora? Ou teria morrido de sede?
Ainda não sei. Não cheguei. Subo... tento... vou...