Um certo José feito de falas e rosas em um país nada perfeito
No meio da noite um choro
Encolhido, sofrido.
Remendo, mazelas.
Sem portas ou janelas.
Boca aberta em oração
Pedindo pão.
José, filho de Maria Merecida
E Sebastião qualquer.
Expurgos da seca
Nos cantos dos versos.
José matuto, da enxada encantada.
José valente, canção de amanhecer.
José das ruas, sozinho.
Sentindo frio e calor.
José saudade, de rosto marcado.
Alma cerzida, por não ter um lugar.
José Maria de Oliveira
Implora, lamenta, comenta.
Esquenta na trempe,
o feijão com arroz.
José Raimundo, filho de Diva e Tadeu.
Com três tiros no peito, se foi, ninguém sabe, ninguém viu.
José Mendonça Furtado, advogado.
Aprisionado em seu colarinho,
um coitado.
Só tem olhos para seu umbigo.
E agora José?
José Pereira, sem eira, nem beira.
De sol a sol, carregando sua cruz.
José Fortunato, retrato de homem feliz.
Pai de José Alecrim e Marianinha.
Filha formosa, que se casou
Com José Emerenciano,
Em um barco partiu.
José Brasil da Felicidade.
Amigo dos poetas e cantadores.
Espalhava nas ruas seu valor.
Abria o peito com graça.
Seu jeito agreste menino...
Assim falava.
Eu sou José!
José de alma José.
Caminhando, cantando
José sempre serei.
Eu sou José!
Que ama, educa, exclama.
José com valor.
José que chora e quer mais.
José modesto, José como ninguém.
E agora Josés?
Pais, filhos, netos
De Drummonds, Gabriels, Aquinos,
Meninos soltos em sons.
Temáticas do mesmo sol.
No monte olimpo, deuses vivos.
Nas escadas da fé...
Outro amém encerra a oração.
José durma com Deus!