O teu nome
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Tempo, senhor do imprevisível.
Tempo, que alenta corações,
que encanta desencantos e,
repentinamente,
exorbita novos sonhos e buscas.
Naquela noite,
sem que programássemos,
foi a luz do tempo que cruzou nossos olhares...
Foi a cruz do vento que singrou nossa embarcação.
Senti-me preso ao teu semblante,
refém dos Palmares,
em completo exílio, fugindo da escravidão.
Não a escravidão corpórea, grosseira.
Em você, o que me deu liberdade plena,
foi a luz da tua alma, estampada num sorriso.
Teus olhos emitem radiação ionizante...
E me crivaram tão profundamente,
que ao perceber-me preso, livre estava.
Livre do medo de amar – temor pueril demais!
Livre das amarras do preconceito,
que me mantinham ao solo, preso aos grilhões.
Livre de mim mesmo, pois imaginei-me em você.
Em teus braços, cresci.
Deixei de ser a criança que chorava,
para ser o homem capaz de rasgar tua nudez.
Deixei de ser o plebeu que resmungava,
para ser o teu rei e escutar os teus gemidos.
E deixei, principalmente,
de desacreditar nos planos do destino,
pois, quando pensei na plenitude da existência,
pedindo a Deus o dom da completude,
não imaginei, nunca,
que a verdade que alimentava meus sonhos,
os mais esdrúxulos que já ousei sonhar,
tinha um nome...
Quando abri os olhos e vi na parede do paraíso
o nome da minha realização humana,
acredite,
em letras de fogo, com sabor de jasmim,
vislumbrei o teu nome.
Iguatu-CE, 25 de agosto de 2014.
23h11min
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