Vale noturno

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Que valor teria a surpresa

se o medo impedisse o dom do imprevisto?

De que adiantaria um passe livre

se os grilhões que nos atormentam selam a recusa?

Por que reclamar da silente clausura

se ao falarem: ‘Vá sozinha!’, nada acontece?

Que sentimento movimenta seus sonhos?

Se for o medo, desista!

De que tanto foge... Ou de quem?

Se for de você mesma, é luta inútil – o espelho sangrará.

Por que tantas perguntas sem respostas?

Se for sofisma, o abismo da gravidade amassa o semblante!

O repentino convite me surpreendeu.

Também tive medo, o temor que a noite nos causa...

Não somos livres, mas voamos nas asas do desejo.

Sim, as incertezas nos atormentam, mas tentamos.

Ao nos fecharmos entre quatro paredes,

o silêncio deu lugar ao grito – estávamos a dois.

Os sonhos se tornaram céleres movimentos;

E a movimentação era outra, muito mais cadenciada...

Medo? Que nada! Estranho, apenas nossa salivação:

Corpos quentes – a febre camuflada pelo remédio.

E a evaporação dos nossos corpos,

manchando a pele do espelho.

Hoje, novas perguntas amanheceram ao nosso lado...

Sem respostas?

Se foi erro nosso encontro, a gravidez foi gestada.

E eu me seduzi pela ilusão virtual da realidade cobiçada.

A vida é um abismo;

a gravidade, um milagre.

Divindade, a maçã é o resultado da mordida que dei

e das marcas que deixei.

Iguatu-CE, 24 de agosto de 2014.

22h35min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 24/08/2014
Reeditado em 24/08/2014
Código do texto: T4935688
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