Somos Crianças
O palhaço está engraçado
Vejo as crianças saboreando pipocas
E os papéis de balas pelo chão espalhados.
A maioria sorrindo pelas travessuras que ele aprontava.
Um casal de namorado bem abraçado no canto do circo
Pouco ligava e não dava atenção pelo que ele falava.
No domingo a tarde naquele circo era só alegria.
A pobre criança por debaixo do pano tentava entrar.
Mesmo com o coração machucado
O vigilante não permitia.
Era a ordem do gerente que lhe dava o pão do dia a dia.
O trapezista arrancava apalusos de toda multidão.
Até daquela velhinha que era muito severa, vivia aquele alegria
como uma nova primavera e esquecendo o passado e sua desilusão.
O leão já velho de idade
Não oferecia resistência para o seu domador.
Com os pelos já brancos ele era obediente
Aonde enganava toda aquela gente que pensava
Que colocava em risco a vida daquele senhor.
E por fim, o circo foi desmontado.
A fantasia do palhaço no varal toda molhada
Esperando apenas ficar secada, na sua mala guardada,
Para seguir adiante em plena madrugada.
E assim antes do amanhecer lá na beira do rio estava vazio.
O alvará vencido e sem ser pago lhe dava um calafrio.
E para não ser multado foi embora sem se despedir.
E ele não entendia, porque que tenho que pagar
Para fazer o povo sorrir?
Mesmo sabendo que muitas crianças iriam chorar
E isso o palhaço não queria nem pensar,
Pois o sorriso ele sabia que era a sua obrigação.
E aquelas novas sementes poderiam ser os novos gerentes
Não de um circo, mas sim, de uma nação.