AUTO-ESTIMA
Sou mais um dentre tantos
os que pouco têm para comer,
gerir, gerar, sonhar, produzir...
ou a meus irmãos oferecer.
Como se uma grande estrela fosse
no negro e misterioso firmamento,
dentre tantas e quantas outras,
sem brilho, sem vida e sem luz.
Angústia! E nessa miséria, a tristeza,
de ver materializar-se dor e sofrimento,
nesse espelho que só reflete desesperança
e a ninguém contenta ou seduz.
Quadro comum, desmazelo rotineiro,
de nosso dia a dia de agora. Fruta podre,
flagelo, que nosso povo já por muito tempo,
na ressequida goela introduz.
Trôpegos, percorremos sempre,
esse acidentado e difícil caminho,
sinuoso, perigoso e repleto de espinhos,
maltratados pelo cruel destino.
Sem riqueza, conforto ou luxo
que tão poucos, muito ostentam,
ainda assim, de cabeças erguidas,
vamos cumprindo nosso doloroso papel.
Ofertem-nos trabalho ou um pedaço de terra,
uma pá, uma enxada e uma picareta usada,
que transformaremos nossos menores sonhos,
na terra prometida e tanto esperada.
Não se penalizem, muito menos nos esmolem!
Nunca, jamais! Não nos tirem a única riqueza,
gerada e fortalecida na honra de nossos pais,
e que do tronco de nossa família emana...
Que é o orgulho de ser pobre
mas com vontade insana de vencer,
ou o direito conquistado, mais do que nobre,
de gritar o inconformismo... de tanto padecer!