FÉ E ESPERANÇA
FÉ E ESPERANÇA
Meu Deus, que mal eu fiz Senhor,
se na minha mais completa ignorância,
ainda que casto, terno e inocente
não mereço Sua complacência?
Que culpa me cabe por ser miseravelmente pobre
de mãe alienada e pai desconhecido,
se em minha tenra idade e sem vícios,
conheci somente agruras e sacrifícios?
Quem me pode a primeira pedra jogar,
se com a agonia do frio e o desespero da fome
que me maltrata e martiriza,
a inveja aos fastuosos me consome?
Não estarei carregando tão pesada cruz
sobre meus ombros enfraquecidos,
enquanto sobram músculos fortes
em irmãos meus melhor nutridos?
Que doença tenho eu Senhor,
ainda que sem chagas aparentes
se me tomam por alvo constante,
no repúdio de meus semelhantes?
Ainda que não me ajude Senhor,
permita-me ver a justiça triunfar sobre as nulidades,
e a dor sucumbir à felicidade,
reflorescendo n’outras crianças
a esperança, a fé e o amor!
Urias Sérgio de Freitas