FÉ E ESPERANÇA

FÉ E ESPERANÇA

Meu Deus, que mal eu fiz Senhor,

se na minha mais completa ignorância,

ainda que casto, terno e inocente

não mereço Sua complacência?

Que culpa me cabe por ser miseravelmente pobre

de mãe alienada e pai desconhecido,

se em minha tenra idade e sem vícios,

conheci somente agruras e sacrifícios?

Quem me pode a primeira pedra jogar,

se com a agonia do frio e o desespero da fome

que me maltrata e martiriza,

a inveja aos fastuosos me consome?

Não estarei carregando tão pesada cruz

sobre meus ombros enfraquecidos,

enquanto sobram músculos fortes

em irmãos meus melhor nutridos?

Que doença tenho eu Senhor,

ainda que sem chagas aparentes

se me tomam por alvo constante,

no repúdio de meus semelhantes?

Ainda que não me ajude Senhor,

permita-me ver a justiça triunfar sobre as nulidades,

e a dor sucumbir à felicidade,

reflorescendo n’outras crianças

a esperança, a fé e o amor!

Urias Sérgio de Freitas

Urias Sérgio
Enviado por Urias Sérgio em 18/05/2007
Reeditado em 01/02/2008
Código do texto: T492128