À Espera Do Velho Trem
Veio ele, cruzando a curva,
Fazendo o seu vaivém.
No céu, a fumaça turva
Saída do velho trem.
Bem aqui, na plataforma
Desta antiga estação,
Alimentei a esperança,
Resgatada na lembrança,
Ao olhar para a janela
Do primeiro ao último vagão.
Postura nada passiva,
Caminhei a passos largos,
Pisando a todos os lados,
Esperando o estacionar
Daquela imensa locomotiva.
Pessoas vestindo multicores
Aproximaram-se ansiosas.
Moços gentis, moças formosas,
Aguardando o abrir das portas
Para encontrarem seus amores.
Suei frio, inspirei fundo.
Olhos voaram de lado a lado.
O trem já estava parado,
Hesitei por um segundo.
Ouvi vozes conversando,
Soluços de alegria.
Eu vi lábios a sorrir,
Casais a se beijar,
Pais e filhos a se abraçar.
A alegria estava chegando
E a saudade iria partir.
Caminhei por entre todos
Em total insanidade,
Procurando por minha bela,
A que me traria felicidade.
Oh, musa dos meus sonhos!
Estou aqui a te esperar.
Prometeste vir pelos trilhos
E nunca mais me abandonar!
Vi rostos femininos
Radiantes de alegria,
Mas nenhum tinha o teu brilho
Teu calor, tua magia.
Desviando de alguém
Num dos vagões adentrei.
Vi os bancos perfilados,
Vazios, sem mais ninguém.
Cansado de procurar,
Senti um mórbido desgosto.
Uma lágrima pôs-se a rolar
Pelas curvas do meu rosto.
Para casa pus-me a andar,
Acompanhado da saudade.
Ela, em total felicidade,
Comigo continuaria a ficar.