Belos Olhos Verde-amarelados (ou Amarelo-Esverdeados?)
E pode ser que o passado
Já não seja mais o que foi
Quando o que foi está atrasado
Pra ser deixado pra trás
Quando penso no que já foi
Sinto que não passou ainda
Porque ainda está aqui
Toda vez que eu penso, de novo se faz
Um passado que é presente
Um presente insensato e frio
Que não consigo encarar de frente
Mas que me encara, como minha imagem refletida
A imagem que encaro sempre
Me perguntando o que fiz de errado
Pra perder assim, de mão beijada
A maior certeza da minha vida
E ando agora, tarde da noite
Outro cigarro na boca
Outra mágoa que não se apaga
E que é tão difícil esquecer
Em um carro azul escuro
Sentada no banco de trás
Os olhos amarelo-esverdeados
Que por tanto tempo esperei para ver
Passam de relance
Me é difícil perceber
Que estão tão próximos, ao meu alcance
Mas ainda assim, tão distantes de mim
E me contento com isso apenas
Apenas em olhar tais olhos
E em pensar que um dia foram meus
Olhos tão lindos assim
Outra história, outro romance
Outro amor que não sei se vou ter
Mas que, como de costume, de reaver
Ainda mantenho esperança veemente
E é sempre igual, todos os dias
Acordo do mesmo sonho recorrente
Em que tenho bem rentes aos meus
Os olhos cuja imagem tenho na mente
Me levanto, apenas para seguir
Na espera pelo fim do dia, para poder saciar
A ansiedade que sinto todo dia
De aqueles lindos (verde-amarelados) olhos
Outra vez, me dar ao luxo de encarar.