Belos Olhos Verde-amarelados (ou Amarelo-Esverdeados?)

E pode ser que o passado

Já não seja mais o que foi

Quando o que foi está atrasado

Pra ser deixado pra trás

Quando penso no que já foi

Sinto que não passou ainda

Porque ainda está aqui

Toda vez que eu penso, de novo se faz

Um passado que é presente

Um presente insensato e frio

Que não consigo encarar de frente

Mas que me encara, como minha imagem refletida

A imagem que encaro sempre

Me perguntando o que fiz de errado

Pra perder assim, de mão beijada

A maior certeza da minha vida

E ando agora, tarde da noite

Outro cigarro na boca

Outra mágoa que não se apaga

E que é tão difícil esquecer

Em um carro azul escuro

Sentada no banco de trás

Os olhos amarelo-esverdeados

Que por tanto tempo esperei para ver

Passam de relance

Me é difícil perceber

Que estão tão próximos, ao meu alcance

Mas ainda assim, tão distantes de mim

E me contento com isso apenas

Apenas em olhar tais olhos

E em pensar que um dia foram meus

Olhos tão lindos assim

Outra história, outro romance

Outro amor que não sei se vou ter

Mas que, como de costume, de reaver

Ainda mantenho esperança veemente

E é sempre igual, todos os dias

Acordo do mesmo sonho recorrente

Em que tenho bem rentes aos meus

Os olhos cuja imagem tenho na mente

Me levanto, apenas para seguir

Na espera pelo fim do dia, para poder saciar

A ansiedade que sinto todo dia

De aqueles lindos (verde-amarelados) olhos

Outra vez, me dar ao luxo de encarar.

Dalutti
Enviado por Dalutti em 17/05/2014
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