RETICÊNCIAS

No comum da esquina,
Uma menina,
Com sutil encantamento,
Cabelo ao vento,
Vida expandida,
No lúdico compasso,
No traço a traço,
Da alma ascendida,
Uma menina,
Acha que é uma bailarina,
Que dentro dela mora,
Uma sonora esperança,
O seu olhar avança,
Para além da esquina,
Para além da miséria,
Que decora,
A sua inocência,
E nas reticencias,
Do faminto olhar,
Se sente enriquecida,
Uma flor nascida,
Para ser etérea,
De primavera em primavera,
Se sente enternecida,
Talvez, mais do que merece,
Que até se esquece,
Da injusta rotina,
Que está ali; para esmolar...


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É ASSIM

Ah, meu Senhor que tristeza,
olhar para essa menina,
tão criança, pequenina,
com su'aura de beleza,
ali, parada na esquina,
mão estendida a implorar.
Dá vontade de chorar,
ao pensar nos sonhos dela
desfilando em passarela...
ganham asas a voar.
Mas não desespera, espera,
o futuro inda é distante
e, às vezes, num instante,
tudo muda. A história,
que era sem brilho, sem glória,
se acende luminosa,
fulge intensa, radiosa,
trazendo alegrias sem fim.

 Estava escrito. É assim.

(HLuna)