Luz da Flama e Antiga Sábia
Alcancei tua praia imensa sem luz e madrugada
Insone de noite ressonante a procurar consigo
Serenamente te amando às velas em seu leito
E sendo sua risonha cúmplice desta vil alvorada
Estive ao longe, a navegar, trapeira ou maruja
Louca e cega de sonhos enevoados a trafegar
Uma senhora, um homem, algo fardo universal
A pretendente dessa só vígilia insone iluminada
Estamos juntos agora que alcancei continentes
Numa louca empreitada navegante entre mares
Oceanos de candura em juramentos desvelados
O arriscar-se em recifes de sentir rudes penedos
Desço ao seu semblante em naus de puro sonho
Minhas mãos te apalpam envoltas em luvas vãs
Adocico teu sonho, serenar farsesco, ressentida
Muito de mim espera de ti ao teatro dessa vida
Estou na sábia fermentação de espuma rendida
A filósofa de teu reino esvaído, delirante, vasto!
E afinal estou em ti, distante em casto penúrio
Enfim a estar pronta para desbravar um sertão
Coisas e lugares meus que permanecem brumas
Agora rainha e maravilha, pronta a teu jardim...