SAUDEMOS ABRIL
“À memória de Salgueiro Maia”
Abril, saudemos Abril
Com o calor da nossa voz
Abril, cantemos Abril
Aqui bem dentro de nós!
Vinte e cinco foi o dia
Em que Abril regurgitou
Com ele a Democracia
Para sempre triunfou.
Veio à luz da madrugada
Pela força dos capitães
Este País não sendo nada
Conseguiu o melhor dos bens.
A esperança amortecida
Alcançou força vital
Na alma de nova vida
Para este Portugal.
Foi o cravo uma bandeira
Que o próprio povo escolheu
De uma forma bem ordeira
Outra esperança renasceu.
Renasceu a liberdade,
A justiça e a educação,
A saúde em toda a idade
E o sonho de melhor pão.
Findou a guerra maldita
Fugiram os predadores
Mas para nossa desdita
Ficaram os exploradores.
Quatro décadas passaram
Da gloriosa revolução
Apenas saudades ficaram
Na alma desta Nação.
Nosso povo adormecido
Tem as forças minguadas
Pelo caminho percorrido
E as espectativas falhadas.
Há por aí quem se contente
Com riquezas acumuladas
Mas os direitos da gente
Tornaram-se águas passadas.
O sonho do povo voou
Num horizonte em deslize
E alguém se aproveitou
Por entre nuvens de crise.
Ó vós, deste país os tiranos,
Que o digno Abril desprezais
Pagareis daqui a uns anos
O preço que ora cobrais.
Abril, saudemos Abril
Com o calor da nossa voz
Abril, cantemos Abril
Aqui bem dentro de nós!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA