RIMAR OU NÃO RIMAR, EIS A QUESTÃO
“Aos poetas angustiados II”
A Poesia é a suprema liberdade,
Há que se dar o braço a torcer,
Mas em nome da poética verdade
Urge que alguém s´ empenhe pra dizer:
Toda a escrita poesia pode ser
Se a mesma tiver arte e qualidade.
As palavras ao serem aleatórias
Pelo discurso da regra oficial
Poderão parecer mui peremptórias
Ao representar mesmo algum papel
Mas fazer delas poética a granel
Podem ser tudo menos meritórias.
Ao ser assim, será poesia ou prosa?
Em presença de frases ou segmentos
Considerar-se-á como engenhosa
Mas, como poema, só averbamento
E, para nosso descontentamento,
Poderá tudo ser menos graciosa.
Rimar ou não rimar, eis a questão
O que é assaz difícil, bem sabemos,
Mas se o rimar tiver boa afeição
É na música que o reconhecemos
E pela lira e alma que lhe dermos
Eis aqui seu valor e inspiração.
Poetas, se me ouvis e vos prezais,
Na vocação que tendes por mister
Não entreis em angústias informais
E rimai sempre que vos aprouver
Pois vossos louros hão-de renascer
Na nobre Poesia que sonhais!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA