Fotografando
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Ao me dispor pintar tua beleza,
quis dar corpo ao teu corpo,
exorbitando-me em gotas;
breves gotas, cheias de sedução.
E não me cansarei de pincelar.
Se pinto os contornos da boca,
tuas mãos, impacientes,
inquietam-se,
pedindo singelo beijo.
Ah, mas se beijo tuas mãos,
teus sequiosos poros imploram
novo toque, reaproximação.
Sinto a gravidade.
Pesada, ela gravita dentro de mim.
Uma das gotas, gravemente,
acerta teus cabelos e se espalha...
Os respingos, ao tocarem o chão,
sublimam, internalizando o torpor
da tua pele, em indiscutível entrega.
No exterior da tua tela,
estereótipo da minha criação,
habita o indizível da arte.
Ao entregar-te esta tela,
antes fria,
de imaculada luz de fundo,
insignificante de significado...
Revelei-me ao tentar,
ingenuamente,
revelar-te.
Iguatu-CE, 21 de março de 2014.
14h32min
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