Timidez
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Ah, implacável espaço-tempo!
Por que nos mede os desejos,
como se desmedidos fossem?
Tenho um sorriso que brotou,
longe de mim,
não por casuísmo,
mas farto,
repleto de esbanjamento...
Transbordou!
Não fiz nada, nem toquei.
A causa do enrubescimento,
pelo que notei,
foi o envio, via mensagem,
de singelo beijo no nariz,
bem na pontinha,
despretensioso,
que...
Caprichosamente mandei!
Ela me disse que não há castelo.
Que mora num bairro qualquer...
Pensou que me enganava!
Conheço princesa de longe,
sem pestanejar!
A miopia que me consome,
que me oblitera,
desde a infância,
tem olfato degustativo quilométrico!
Ah, desconsolado tempo!
Ainda estamos no hoje.
E tudo que tive foi promessa
de provável depois.
Quem sabe outra fatalidade,
num qualquer erro de ligação,
conceda-me a possibilidade,
hoje impossível, de amá-la,
por que não?
Iguatu-CE, 27 de fevereiro de 2014.
12h46min
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