Redenção
Na soturna face onde aportava a amargura
Acumula-se hoje a leveza da tua doçura
No olhar o brilho de mil sonhos empilhados
Nos lábios, do amor teu, o gosto adocicado
Dentro das minhas mais pungentes agonias,
Nas frias catedrais de uma existência vazia...
À iminência da tua chegada, desmaia a treva
Com estrépito a alma, de ternura, se enleva
Meus versos, antes baças lagoas de dolência,
Corrompidas parcelas da minha essência,
Mortos lírios, de acre perfume, em minhas mãos
Beijados pelos versos teus, são minha redenção...
Enquanto lágrimas queimaram-me as retinas
O olor de vivas flores corroeu-me as narinas
Debateu-se no meu peito um lasso coração
O amor afagou-me a face, levou-me pela mão.