Não há oceano onde moro... (Mas haverá!)

" inspirado no poema do mesmo nome de Dalva Agne Lynch "


Olhos abertos, atentos aos movimentos ao meu lado
Ladeado por tormentas... Sinto lento o meu pensamento!
Coloco lentes para expandir o foco de meu olhar,
abertos e escancarados... Parece ainda que vejo pouco!
Voz estrondosamente alta é ainda rouca e pouca
não sinto ninguêm a me escutar...
Os versos que escrevo parecem signos desconexos
pois não encontram mentes para se fixar... - Decifrar!
É tudo um deserto, decerto não há oceano onde moro!
E choro, e quando choro, minha lágrima
é a única água que tenho pra minha própria sede matar...
Água salgada, filtrada pelas minhas entranhas
estranhas ao que aqui há!
Não há oceano onde moro...
E assim minhas poesias não tem como navegar
outras terras e outros continentes desbravar...
Contingêntes de almas assombradas vagam ao meu lado
nego-lhe os braços... Deste cortejo funebre quero me furtar!
Louco?
Só sei que estas almas se assombram
com a fome, com desamor, com desapegos...
São filhos de degredos, abandonados que abandonam seus herdeiros...
Almas esquecidas de si mesmas e dos segredos de seus segredos...
Almas que se consomem, por terem apenas a si para consumir... E se fartar!
Só sei que onde moro não tem oceano
por onde minha alma possa navegar...
Fica-me uma esperança, pungente em meu ser
que este deserto ainda virará mar!
E as ondas deste futuro oceano,
possa então levar, lavar todo e tanto desengano...
E as almas assombradas possam então brilhar!
Visionário?

Edvaldo Rosa
WWW.SACPAIXAO.NET
30/04/2007