O Dom De Uma Lágrima

Delicada, úmida e pequenina,

Toca suave como a mão de uma menina.

Marca o início de um novo pranto,

Ora de dor, ora de encanto.

Sobre a face de um bravio,

Ou pelo rosto de uma donzela,

Ela desce, altiva e bela,

Externando da alma o clamor sombrio.

Entre risos ou lamentos,

Vem de dentro, não se cala.

Trás à tona o que há na alma,

Seja triste ou feliz, tal sentimento.

Uma lágrima ao rolar

Deixa a alma bem fluir,

Sucedendo um soluçar,

Ou trazendo um bom sorrir.

Quantas lágrimas chorei

Por amores, por tristezas,

Alegrias ou incertezas

Que em minh'alma já firmei!

Ah! Lágrima querida!

És de fato, companheira.

Sempre surges, derradeira,

Refrigério de minha vida!