Bênçãos Celestiais
Temperatura alta, calor intenso...
Pelos poros de minha pele brotava suor
E, num desespero maluco, escancarei a porta
Da sala e ganhei o jardim, solitário...
Abri a torneira e, mesmo vestido,
Tomei da mangueira e permiti a água inundar-me o corpo...
Alívio! Totalmente encharcado, sentei-me
Num banco de mármore. Olhei para o alto
E vi que a noite brilhava sob os raios
De uma lua cheia cercada por nuvens brancas...
O firmamento trouxe-me a antítese do momento...
Enquanto eu ali estava a saborear profunda paz,
O mundo à minha volta ardia em fome, miséria,
Guerras... Na ambição sem limites do homem
O universo plainava sobre maquiavélicas ondas de terror...
Suaves lágrimas deixavam minha face tensa...
Foi neste instante que percebi algo diferente no céu.
Como por encanto o calor cessou e comecei a ter arrepios,
Pois, vislumbrei que as nuvens se tornavam esferoides
E, dentro delas, desvendei anjos que tocavam sinfonias...
A melodia celestial arrebatou-me de embriaguez a alma
E pude entender o significado excelso daquela visão:
Era uma reposta aos meus indeléveis pensamentos...
Mais e mais nuvens surgiam e, apesar de ser noite,
O firmamento tornara-se azul... Nunca o vira tão azul!
Harpas celestiais cantavam a justiça do reino no além
E a mensagem era clara: a concórdia é dos homens também!
Por mais desnuda que seja a injustiça humana,
Dia haverá que serão banidas para sempre as coisas profanas...
Subitamente observei-me enxuto e meu olhar estava seco de amor!