Quarenta dias e quarenta noites no deserto

Almeirim, 20 de dezembro de 2013.

De cima da cadeira
Observo minha vida
Vim rasgando sem eira nem beira
Perfurantes feridas
Que motivo torpe?
Ultima gota do balde?
Fosse a desculpa que fosse
Que viver era fraude

Pesadelo, peste, que saia!
Mesmo que esteja foda!
Que este corpo não caia!
Vai pra longe esta corda!
Céus me perdoem
Por atrevimento
Lendo a infância
Entendo

Flor de jambo
É tapete em meu caminho
Da conversa um cafezinho
E perder a festa?
De dançar seresta?
Tão agarradinhos
Noite
É dos olhos para fora
Aqui dentro sol agora
Sou catolicismo?
Quem sabe budismo?
Só me importa a melhora

Afiada minha ira
Vejo-te com alguém
Beijando a boca que um dia abrira
Minha casa também
E nas vozes me soa
Que infiel que encerra!
Não é minha tal pessoa?
Eu arranco da terra!

Conselho mal te retira!
Não servirei de capacho!
Ser ruim com a vida
Tenho virtudes eu acho
Sendo bilhões de amores
Possíveis
Interessantes
Incríveis

Que engraçado
Novo jeito de falar
Diferente abraçar
Riso não conteve
Que me fez mais leve
Volto a planejar

Que não sendo mais algoz
Não há tranca entre nós
É gaiola aberta
Uma coisa é certa
Não estaremos sós

Grito lanço pro mundo, rouco
Escutando alcunha de louco
Humanidade não sendo humana
Cumpre tabela, ofício engana
Adam Smith e Leviantã
Mataram mais um esta manhã

Sozinho
Não estás
Sozinho
Nunca estiveste

Pastoral Zilda e Nelson Mandela
Apontam que tão vida é bela!

Correm as mentes
Talvez Ser insuperável
Sendo humano justificável
Cachoeira fria
Empresta a energia?
Te serei amável
Sois
Que Confúcio definiu
Que o Sócrates sentiu
De rimas bonitas
Prosas infinitas
Que ainda o Cristo acredita.