Meus caminhos
Choro de rebento nascido do ventre dolorido
Alegria contida de mãe no casebre gelado
Ah! e o vento, e a chuva e o coração partido
Pai ausente, distante, inconstante, sumido.
Anjo nascido da dor, quase só, em braço materno
Apresentado ao mundo, frágil, miúdo menino
Criaturas duas, sôfregas: uma sobrevivendo ao inferno
outra, a criança, rumo ao imponderável destino.
A infância milhares de tons coloridos, no passado distante
o sonho de castelos imponentes, realeza,duendes e cavaleiros
riachos de corredeiras borbulhantes, correndo constante
nas matas, entre árvores, a perder-se nos desfiladeiros.
E ora jovem relembra da infância: que aventura vivida,
da professorinha, colegas, das estórias e travessuras,
dos amigos que se foram para outros confins da vida
E muito, muito da mãe, do irmão: passagens prematuras.
E a inquietude juvenil de soberbos ideais, em correrias
à amores passageiros, desafiando a todos os desafetos:
rixas,brigas, gritarias, sangue, naqueles alucinados dias:
fatos registraram-se como sonhos e, sonhos fatos concretos.
O sinistro relógio do tempo as barbáries da guerra implantou
Apocalíptico calvário aos humildes da humanidade de então,
em nome de uma nação, sem razão, vil nazismo então se criou
e às lágrimas, ao sangue e à morte inocentes caíram em vão.
Houve sim enfrentamentos terríveis, aliança entre países,
que em nome da democracia e paz para a humanidade,
uniram-se forças expedicionárias de inúmeras raízes,
mas que também mataram em nome da vida e liberdade.
Pós guerra, quase tudo mudou, só o homem não aprendeu
pois que a ganância, o crime, a fome e a injustiça arrasam,
os humildes e herdeiros da terra, assim o Senhor prometeu,
claro sinal que a paz, o perdão e o amor pouco prosperou.
O caminho trilhado na infância e da juventude com saudade
este ser, agora homem, mas com a alma e o coração de menino
Viaja em sonhos e na vida peregrinando em busca da verdade
Para enfim, chegar ao ponto final ou iniciar seu novo destino.
Pois que caminhar é preciso, ensina o poeta no livro da vida
Então, não posso parar, em busca de mim mesmo...e sigo, sigo
não me orgulhando se chegar ao auge, nem maldizendo a descida.
Não hei de chorar ao final, na hora da minha morte,
Pois se assim escrito estava, sendo este meu destino,
Abençoado sou, fui amado, poucos tiveram esta sorte.
(Reeditada)