OS PASSOS DO ÒDIO

O ódio é o chicote com que bates nas pessoas

E que ricocheteia em você com força ainda maior.

O ódio desgoverna e põe teu coração a te defender,

Com lágrimas nos campos da incompreensão.

O ódio nega a vida, nega a alma, nega a tranqüilidade.

Te põe sozinho, no palácio da solidão.

O ódio nega achar a porta da saída, nega o sentimento,

Nega o amor, nega a razão.

È mar bravio que corrompe as defesas naturais,

Invade, destrói, assusta e tinge de negro a paisagem.

Dentro de si, incomoda os peixes, altera o ciclo

Manso dos corais.

Fora conspurca e violenta, os contornos singelos,

Aonde o sol, a vida ensaia tua dança

E os sonhos arquitetam castelos

O ódio vive na sepultura da dor,

Pronto para eclodir nas noites escuras

Ou quando o equilíbrio se esvai,

Com sua natureza mais cruenta e espúria.

Só quando os anjos das forças do seu corpo e espírito,

Que teu mar de serenidade alimenta,

Impõe-se na esteira do tempo,

E seus medos e rancores, lentamente afugentam,

È que vem a dor, com seu irmão coxo, o remorso

Sua mãe a angustia, e outros da sua laia,

Estes urubus de garras afiadas

Comer o lixo de tua alma, limpar com asco a tua praia.

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 22/04/2007
Reeditado em 26/06/2012
Código do texto: T459416
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