OS PASSOS DO ÒDIO
O ódio é o chicote com que bates nas pessoas
E que ricocheteia em você com força ainda maior.
O ódio desgoverna e põe teu coração a te defender,
Com lágrimas nos campos da incompreensão.
O ódio nega a vida, nega a alma, nega a tranqüilidade.
Te põe sozinho, no palácio da solidão.
O ódio nega achar a porta da saída, nega o sentimento,
Nega o amor, nega a razão.
È mar bravio que corrompe as defesas naturais,
Invade, destrói, assusta e tinge de negro a paisagem.
Dentro de si, incomoda os peixes, altera o ciclo
Manso dos corais.
Fora conspurca e violenta, os contornos singelos,
Aonde o sol, a vida ensaia tua dança
E os sonhos arquitetam castelos
O ódio vive na sepultura da dor,
Pronto para eclodir nas noites escuras
Ou quando o equilíbrio se esvai,
Com sua natureza mais cruenta e espúria.
Só quando os anjos das forças do seu corpo e espírito,
Que teu mar de serenidade alimenta,
Impõe-se na esteira do tempo,
E seus medos e rancores, lentamente afugentam,
È que vem a dor, com seu irmão coxo, o remorso
Sua mãe a angustia, e outros da sua laia,
Estes urubus de garras afiadas
Comer o lixo de tua alma, limpar com asco a tua praia.