luz que não se apaga
ontem meu braço esteve feito pluma
mal podia se firmar;
tentava seguir em minha trilha
até o ponto em que mirei o céu desfalecido.
a chuva que se formou naquele entardecer
pareceu-me tormenta
que seguiu fluindo do centro da cidade aos seus arredores,
e espalhava sombras por todas as partes.
infelizmente não sobrou quase nenhuma morada com luz.
eu também me vi preso na escuridão.
te procurei, mas nem vi sinal.
me procurei, e estático,
vi apenas um vulto encolhido
que guardava nas mãos uma pequena chama amarela.
durante a tempestade fria,
que esboçava força para durar diversas semanas
percebi que o inusitado residia na simplicidade:
aquela alma singela compartilhou comigo sua luz
e agora eram duas.
seus olhos brilharam
o vulto saiu debaixo da chuva
em busca de outro eu estático.
e eu fiquei ali,
encolhido,
com uma pequena chama amarela nas mãos;
ainda sem coragem de olhar para o lado
sem reação ou pensamento,
mas com a certeza de minha missão.