Pudesse eu

Pudesse eu ter lido o futuro

Para um dia acordar

Não com o peso da saudade

Mas sim com a alegria da lembrança

Pudesse eu ter visto e compreendido

Os sinais disfarçados

De um amor que ainda não havia

Mas que pedia para ser

Pudesse eu ter cuidado

Dos olhos escuros

Que espelhavam não só o carinho

Mas também a paz

Pudesse eu ter te ouvido

Ter me ouvido

Pensado; procurado

E me encontrado

Mas deixemos de tanto ésse

E acreditemos (fingindo que não)

Que poderemos, um dia, quem sabe

Sorrirmos juntos novamente

E talvez o medo do futuro

Que vaga pelas nossas almas

Encontre o porão da esperança

E se transforme em coragem

Pois o futuro nada mais é que uma história

Mal contada e não escrita

E que, por isso, sempre há tempo

De reescrevermos nossas páginas

Porque, pudesse eu ou não,

Tudo é nostalgia

Tudo é vontade

De recomeçar e (re)aprender

De, ao seu lado, ser.