A mão do tempo

A mão do tempo oxigenou o cabelo do trigo,

promessas de pão ondularam em Soledade;

que não esqueça, porém, sua dívida comigo,

pois, disse que seguindo o caminho que sigo,

ela traria para debaixo do meu frágil abrigo,

o oxigênio para o meu ensejo de felicidade;

a mão do tempo terna desenhou esse sonho,

e sabe que chegou a hora de trincar a casca;

só lembro a promessa, nada novo proponho,

e se em forma de poema, a coisa componho,

as surradas digitais da solidão, enfim, ponho,

poesia andou comigo, agora quer uma lasca;

a mão do tempo trabalhou aparando arestas,

deu dores, para trazer empatia pelo gemido;

devaneando janelas, apenas mirando frestas,

pra sapiência de privações duras como estas,

tal que até se chegarem estações das festas,

festejará, o coração requer, porém, comedido...