Quando Todas as coisas passarem

Quando todas as coisas passarem por mim

as falsas e as verdadeiras

assim na terra como no céu

o vento e a chuva e a semente

os que se esqueceram de mim

os que nunca de mim se lembraram

os que me deram e tiraram

os que tiraram o que nunca me deram

os que amaram de mentira

os que nunca me amaram de verdade

os que foram e não voltaram

os que não voltaram porque nunca vieram

quando todas as folhas cairem no mundo

e o mundo cair dentro de todas as folhas

o mal que se espantou e foi embora

o bem que semeado cresceu no caminho

tudo dentro de um só instante

olharei

Quando todas as coisas passarem diante de mim

as que estão la fora

as que estão dentro de mim

a alegria que me roubaram

a paz que nunca devolveram

quando o sol insistir em brilhar

as estrelas ainda fixas nesse meu céu

passarão tambem as palavras encardidas

tambem tantas promessas limpinhas

aquelas de gente indecisa

que correu com todos os meus ideiais

Quando tudo passar, num curto silencio

de uma e bem humorada longa metragem

um filme epico entre eu e tantos

como um equilibrista no meio da multidão

rompendo as cordas de aço da indiferença

para se tornar um diferente

entre todos os iguais

meditarei

Quando tudo passar diante de mim

como o começo de um infinito fim

as chuvas cairão de baixo para cima

de trás para frente os versos da rima

por todas as flores do palco que é meu caminho

os botões de rosas serao os espinhos

os espinhos serão as petalas enluaradas

eu somente cantando e o coração tocando

um conto de verdades que tanto vivi

quanto mais vivo e confronto os séculos

la na frente me vendo não mais aqui

pode ser que tudo esteja tão certo

mas é o destino, fugindo pra frente ao deserto

Quando tudo passar diante de mim

passarão todos os céus e essa bola de terra

passará o arco da paz e a flecha da guerra

as minhas palavras e os meus ditos

fugirão minhas maldições, pois serei sempre bendito

o grão de areia e a areia dos montes

as aguas dos mares e de todas as fontes

correrão os fugitivos da minha jornada

chegarão os amigos da minha caminhada

verei breve desfeitos todos os laços

de verdadeiros companheiros, o meu abraço

quando tudo passar diante de mim

não passará o começo do fim

pois se quebra o silencio com um só grito

pela fé do fundo mortal se semeia o eterno

no pra sempre infinito

Quando todas as coisas tiverem passado

eu mesmo pasarei diante de todas elas

pra em seguida apaga-las da minha vida

porque uma nova historia começa

quando as paginas da eternidade se abrirem

no livro do infinito....

CLAVIO JUVENAL JACINTO