A TERCEIRA VISÃO

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A TERCEIRA VISÃO

J.B.Xavier

Escuta!

Então não ouves

As batidas de teu próprio coração

Estabelecendo o ritmo da tua vida?

Não vês a transmutação eterna

Nos ciclos de vida que te rodeiam?

Oh, tu, e teus sorrisos fáceis!

Crês, acaso, que a inércia poderá um dia

Substituir o esforço

Que devemos empreender em nosso próprio benefício?

Acreditas, acaso, que a leveza insustentável de um ramo,

Pairando entre o existir e a não-existência,

Pertence menos à arvore que lhe fornece a seiva da vida,

Apenas porque, ao contrário dos outros ramos,

Compreende o destino errante do vento?

Acreditas, porventura,

Que o sorriso imaturo de uma criança,

Encerra menos verdades que o riso do ancião,

Carregado de vitórias e derrotas,

Apenas por trazer em si

O frescor das águas murmurejantes

Da fonte da juventude e da inocência?

Duvidas, acaso, de que reside em nós próprios

A força para nos soerguermos,

Não importando a profundidade do abismo em que tenhamos caído?,

É, por acaso, o condor, que sobrevoa montanhas,

Diferente em natureza, da serpente que rasteja no solo?

Seremos nós merecedores

Dos favores divinos especiais que tanto pedimos,

Se, às vezes, nos vergamos ante a uma simples brisa,

Por temermos a vinda de uma possível tempestade?

Seremos nós merecedores de tudo,

Para gozar a vida,

Quando sequer percebemos que temos a vida,

Para gozar de tudo?

* * *

JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 16/04/2007
Reeditado em 16/04/2007
Código do texto: T451443
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