Como correm os rios   
 
Escrevo-me em busca de um sentido,
Tal como correm os mansos rios,
Deslizo-me em pedras infindas,
Mirando o longínquo destino.
 
Rabisco-me com terna alegria,
Como seguindo o rumo de casa,
Depois de alongada estadia,
Resolvendo um fato inesperado.
 
 
Habilito-me à oculta sina,
Que fui arquiteta, inconsciente,
Percorro e sei que não é o caminho,
Vivendo o que não me faz contente.
 
Acúmulo de grande riqueza,
Títulos nobres, e bons empregos,
Ou reconhecimento de tais,
Balanceando, não é a estrela.
 
Corro como aguas, junto aos rios,
Prossigo com sofrida ousadia,
Com esperança predestinada,
Tornando a cada instante nova água.
 
Perco-me como vapor nos ares,
Por virtudes que foram doadas,
Que se precipitam, se acolhidas,
Voltando aos aquíferos vitais.
 
Impulsiono sempre as águas,
Empurro minha lama ao destino,
Pulsada, com sede e fome, vastas,
Encontrando, alegre, novos rios.
 
 
 
Maria Amélia Thomaz
Enviado por Maria Amélia Thomaz em 15/09/2013
Reeditado em 15/09/2013
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