FRONTEIRA DAS ALMAS

Há um país lá fora.
Um país grande, tamanho de continente,
um país verde e amarelo,
um país desconhecido.

Há uma gente outra,
com outra face,
outro cheiro e jeito.
Eu sei,
daqui eu sei.

Olho pela jenela de vidro,
deleto desgostos,
escrevo sorrisos,
tento
estar lá fora.

Mas não consigo.
Inerente a mim é esse
sentir-se só
no epicentro da floresta,
no meio do verdejante asfalto
que esquenta o clima.

Tento
ser como os outros.
Mas não consigo.
Meu canto é sufocado
pelo cheiro das folhas
que insistem em me ensombrecer.

Tento
ser alguns outros
para provar a todos
que não estou tão só.
Estou em mim
e canto:
alguém há de me escutar!