COTIDIANO

O sol nasce acima da cerração

E não adianta tentar impedir a aurora

Que fustiga a madrugada cinza

E escava com seu cinzel dourado

Os olhos visionários do poeta.

Pingam dos arbustos o véu da manhã,

Molhando a terra com a mágica do dia,

Fantasiando as trilhas tortuosas

Por onde o rebanho dos homens escoam.

A manhã sempre renova os anseios

Que alimentam bocas no correr do dia,

Quando somos além ou deixamos ser

Apenas o que nos dizem as pedras.

Aos poucos o futuro corre de nós,

Perseguindo o sol por detrás dos montes:

Hora de montar acampamento,

Descansar as frustrações diárias

E nos acobertar na noite fria e muda

Para retomarmos a caça

Ao futuro que nos sabota conquistas,

Mas que jamais vedará as frestas

Por onde olhos de esperança escapam.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 04/08/2013
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