Enquanto Tu Não Chegas
Enquanto tu não chegas,
Vou destilando meu amor:
Me consumindo em beijos de ator;
Me esvaindo em abraços sem calor;
Enquanto tu não chegas,
Sou um poço cheio de amargor,
Descontando em seja quem for,
Toda a minha ira e desamor!
Enquanto tu não chegas,
Existo por existir somente;
E tudo em mim é torpe e demente;
Tudo em mim é falso! Tudo mente!
Enquanto tu não chegas,
Tudo finda breve e de repente;
E fica sempre um vazio latente,
a me sufocar tão lentamente...
Enquanto tu não chegas,
Atiro-me cego em tantas camas
De corpo aberto e o peito em chamas
Fecho os olhos e finjo que chamas
Enquanto tu não chegas,
Vou errando, caindo em lamas!
E choro! E imagino se tu me amas;
E onde estarás que não me reclamas?
Enquanto tu não chegas,
A resignação me consumiu;
Me fez taciturno, cruel e vil;
E no coração o grande vazio!
Enquanto tu não chegas,
Vou esquecendo... nada existiu;
Nunca houve amor... somente estil;
Tudo foi apenas desejo pueril...
Enquanto tu não chegas,
Meu mundo dar voltas em vão;
Larguei meus sonhos pelo chão;
E para nada mais há salvação!
Enquanto tu não chegas,
Só me resta esperar-te então
E crê que, em alguma região,
Tu me tens quardado teu coração!