SEMÁFORO
Num semáforo urbano, um olhar infantil e profundo...
Carros andam e param... Através dos vidros fumês não reparam,
Aquele olhar aguardando do mundo...
Semáforo vermelho, faça-os parar
E olhar antes do plano de fundo!
Semáforo amarelo... Correm para ultrapassar... Vermelho...
Param... De costas ao semáforo, a criança se posta à frente...
Ergue o olhar, quatro esferas... Um coração. Começa equilibrar.
Sua vida em suas mãos, naquele instante presente.
Quatro limões verdes pelo ar... Em trajetórias cruzadas...
Não podem cair, pois sua vida está ali,
Alimento, educação... Ou substâncias alteradas...
Não sabe... Apenas não queria ali estar...
Na encruzilhada de uma vida adulterada...
Só quer pais e irmãos, família e lar, como toda criança amada.
Antes de abrir o semáforo... Ergue o olhar, estende as mãos...
A vida equilibra em vão. Além da moeda, nenhum olhar de piedade,
Não queria sentir a maldade, mas, a bondade em algum irmão.
Semáforo verde segue a vida. São minutos de um inteiro dia...
Sob o sol fervente, desidratado... Resfriado sob a chuva fria...
Não querendo ali estar... Sorve das esferas ao final a solidão...
E o gosto amargo da vida... Chega a noite, aonde vai dormir?
Numa casa ou esquina sombria? O sol desponta noutro dia...
Um raio de esperança... Semáforo amarelo “atenção”...
“vermelho”... “Estendam suas mãos”...
“Afaguem meu coração de lágrimas vazias”...
“verde”... Segue a vida de ingratidão...
“Eu, criança, quero amor e perdão”...
“Apenas um pouco de atenção”...