NATIVA
Em minha boca tua língua nativa
Em teu corpo a sensualidade basilar
Como uma obra de arte sem adornos
Plena por expor todas as tuas minúcias
E o desejo torna-se endógeno em mim
E não há nada em ti que seja pernóstico
Nada que seja presumível ou mesmo fugaz
E meu desejo não se torna um trânsfuga
Nem nas arrebatadoras ondas da subjetividade
Preso ao bojo de teu inebriante encantamento
Pedra angular de todas as minhas vontades
Que transita por teus contrastes dissonantes
Na fusão de tudo que seja indomável em nós
A engendrar estes desdobramentos oníricos
Pela circularidade de nossos espaços atemporais
Tento apalpar os teus instigantes limítrofes
No equilíbrio de todos os nossos contrastes
No decifrar os teus femininos instintos infinitos
Como fotogramas criados pelo imaginário
Pelo clamor dessas volúpias palpitantes
Nada em teu tempo e em ti é por si prolixo
Mesmo que os minutos tornem-se ancípites
Os meus quereres são por demais infungíveis
E todos os momentos contidos na anamnese
Estão tatuados na jusante das transparências
E não há como prolatar o que se quer já
Mesmo que a demora seja de toda déspota
E em minha boca sempre tua língua nativa
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