A PASSAGEM
Sob o arranjo de concreto só há escuridão
Envolvendo a quietude da incessante decomposição
Sinto-me tomada de medo e aflição
Diante da ineficaz e decomposta prisão
Pairo sobre flores murchas deixadas no mármore frio
Na eminência de livrar-me do martírio que me atormenta
Lanço-me no vazio
Azul do firmamento
Em pleno voo vertiginoso
Alcanço o dúbio mar esbranquiçado
De nuvens em ondas encapeladas
Que perduram no compassivo espaço ventoso
E entrego ao sabor do vento
Anuviados pensamentos
Apaziguando meu perfil semblante
Dou início a caminhada errante