Teatro abrigo

No palco da vida eu atuo a mórbida peça da inquietude,

No descortinar das cenas eu queimo minha vida com minha ideologia

E o público vibra...

Mas o espetáculo não cede à chance de voltar...

Desespero-me...

E rapidamente embriago a todos no teatro...

Com o bucólico,

E na meia luz... Muitos suspiros...

E no findar das cortinas... Muitos aplausos!

Mas ao retornar para o meu camarim,

Eu sinto aquela leve algema no meu peito... A me incomodar...

E resolvo aguardar o alerta do silêncio...

Quando o teatro assume seu aspecto taciturno...

Eu volto para o palco...

Sozinho...

Sento-me!

Deito-me!

Choro...

E na penumbra...

Sou abraçado pela minha consciência...

E grito, ora de dor, ora de loucura...

E na calada poeira do palco...

Respiro...

E uma triste paz me consola...

E ainda deitado seco minha lágrimas...

E subitamente sorrio ao ler no velho teto:

“O espetáculo não pode parar...”.

Rascunho de Poeta
Enviado por Rascunho de Poeta em 01/04/2007
Reeditado em 01/04/2007
Código do texto: T433753
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