Teatro abrigo
No palco da vida eu atuo a mórbida peça da inquietude,
No descortinar das cenas eu queimo minha vida com minha ideologia
E o público vibra...
Mas o espetáculo não cede à chance de voltar...
Desespero-me...
E rapidamente embriago a todos no teatro...
Com o bucólico,
E na meia luz... Muitos suspiros...
E no findar das cortinas... Muitos aplausos!
Mas ao retornar para o meu camarim,
Eu sinto aquela leve algema no meu peito... A me incomodar...
E resolvo aguardar o alerta do silêncio...
Quando o teatro assume seu aspecto taciturno...
Eu volto para o palco...
Sozinho...
Sento-me!
Deito-me!
Choro...
E na penumbra...
Sou abraçado pela minha consciência...
E grito, ora de dor, ora de loucura...
E na calada poeira do palco...
Respiro...
E uma triste paz me consola...
E ainda deitado seco minha lágrimas...
E subitamente sorrio ao ler no velho teto:
“O espetáculo não pode parar...”.