GUERREIRA
Com agulhas de tricô,
ponto para dentro,
ponto para fora,
pensei que tecia minha vida.
Pensei que haveria linha suficiente
que me completasse e agasalhasse...
Qual nada, sinto-me incompleta
um trabalho manual inacadado
sem serventia de uso
sem molde
sem forma
sem cores definidas.
As matrizes e matizes usadas foram inadequadas:
não cabiam o tamanho de minha alma,
não retratavam minhas cores.
Parte de mim ficou desabrigada
e me vi metade nua,
me vi andando na rua
com roupa de tecitura invisível.
com roupa de espantar olhos...
Faltou-me um chapéu de palha,
faltou-me um cabo de madeira
para que os meus braços se abrissem para o mundo.
Não sou boneco de enfeite
nem espantalho que assuste à dor.
Comeram meu milharal
e foram muitos os pardais,
não deixaram nem uma espiga para meu sustento;
e eu, estática, não espantei meus males,
os quais foram corroendo as minhas vísceras
foram conduzindo-me a inércia do sem-igual,
cansada, perdida, em meio ao matagual.
Palhaça da vida
sem riso e sem medida para tudo.
Há quem pouse em mim,
há quem não me queira como estou vestida;
com as vestes que eu mesma teci
vestes das minhas mãos, das minhas dores...
Chega!!!!
Digo eu, querendo espantar a dor.
Não sou espantalho
posso sair de onde estou.
Não há barreiras que eu não possa transpor!
Com agulhas de tricô,
ponto para dentro,
ponto para fora,
pensei que tecia minha vida.
Pensei que haveria linha suficiente
que me completasse e agasalhasse...
Qual nada, sinto-me incompleta
um trabalho manual inacadado
sem serventia de uso
sem molde
sem forma
sem cores definidas.
As matrizes e matizes usadas foram inadequadas:
não cabiam o tamanho de minha alma,
não retratavam minhas cores.
Parte de mim ficou desabrigada
e me vi metade nua,
me vi andando na rua
com roupa de tecitura invisível.
com roupa de espantar olhos...
Faltou-me um chapéu de palha,
faltou-me um cabo de madeira
para que os meus braços se abrissem para o mundo.
Não sou boneco de enfeite
nem espantalho que assuste à dor.
Comeram meu milharal
e foram muitos os pardais,
não deixaram nem uma espiga para meu sustento;
e eu, estática, não espantei meus males,
os quais foram corroendo as minhas vísceras
foram conduzindo-me a inércia do sem-igual,
cansada, perdida, em meio ao matagual.
Palhaça da vida
sem riso e sem medida para tudo.
Há quem pouse em mim,
há quem não me queira como estou vestida;
com as vestes que eu mesma teci
vestes das minhas mãos, das minhas dores...
Chega!!!!
Digo eu, querendo espantar a dor.
Não sou espantalho
posso sair de onde estou.
Não há barreiras que eu não possa transpor!