ESPERANÇA

A gente inventa
A gente aguenta
A gente até que tenta
Tenta sonhar e poetizar
Mas o mundo, às vezes
Insiste em se rebelar,
Cisma de não obedecer
Ao nosso ingênuo roteiro
Aos pedidos à beira do mar
Em trinta e um de dezembro,
Ao raiar da primeira manhã
Do ano-menino janeiro...
Indócil, escapa ao nosso controle
Esquece os pedidos
Erra o script
Falha, desatina, exagera...
E aí... o que pedir...?
Que a felicidade seja
Uma imensa torta de chantilly
Distribuída às fatias por aí...?
Oh, Deus... quem me dera!
Não visse nunca mais o vento
Deixando casas assim tão nuas,
Lama e caos inundando ruas!
Quem me dera tudo calmo
Que nem menino comportado
Pra fazer feliz esta gente 
Entregue à força da Natureza
Ah... que beleza!
Uma época de paz e bem
Que mantivesse vivos os sonhos
E todos pudessem cantar parabéns
E sorrissem, confiantes, quando vissem
A se abrir para a vida
O primeiro botão de flor
Da primavera!