CASTELOS DE AREIA!




CASTELOS DE AREIA!
Silva Filho


Um átimo... e o mundo rola em avalanche
Efêmera, segue a vida em sua metamorfose
Até montanhas em processo de desmanche
Imensuráveis temporais ofertados em doses.

Um ínterim, interregno, pedaços de tempo
Volatilidade é o que resta na paisagem
O meu relógio, preguiçoso, continua lento
Enquanto o elenco renova sua roupagem.

Absorto, indiferente a mutações constantes
Fico na areia branca a construir castelos
Em véu de espuma, a água deslumbrante
Esmaga meus sonhos - e tudo que anelo.


Também o amor requer suas fundações
Sem alicerce... só fachadas suntuosas
Delírios embalados em falsas emoções
E na ressaca... as implosões copiosas.

A ilusão nos faz acreditar em tudo
Até mesmo que um grande amor existe
Mas de repente... simulado... é um ludo
Um simples jogo que domina e persiste.

O tempo passa – enquanto a vida continua
Não só de areia o castelo se edifica
Depois do sol, bem mais bela vem a lua
E novos sonhos o futuro dulcifica.