Reage minha Santa Maria...

Passam os dias, lentamente, daquela noite fatídica,

em que fomos surpreendidos, por momentos de horrores,

perdemos o que tínhamos de mais valioso, os mimos,

e não serão esquecidos, as sirenes, as vítimas, as dores.

E nossos jovens se foram, para junto de Deus,

para cumprir em um outro plano, nova vida,

e serem os consoladores, mentores, nossos guias,

pois o espirito é eterno, vamos manter a fé, no divino.

Penso que Deus, nosso pai, fonte luz e bondade,

não deseja apenas nos marcar pela dor, para sempre,

mas, reunir na minha cidade, no coração do Rio Grande,

uma constelação de estrelas, de anjos, de solidariedade.

Todos somos responsáveis, enquanto seres humanos,

por nossa ganância, egoísmo, esnobismo, avareza,

por nossa leniência, desleixo, corrupção, negligência,

por tudo somos culpados, até por nossas escolhas.

Reage minha Santa Maria, acredite nada foi por acaso,

foi a providência divina que dividiu em teu colo, em teu seio,

as pessoas de bem, com sua paixão de viver, caráter, dignidade,

e os seres do mal, que só se dão bem, traficando ilegalidades.

Reage minha Santa Maria, reerga tua fronte, tua face,

renove a esperança, veja em tuas avenidas, tuas praças,

o povo quer novamente alegria, chimarrão, cortesia,

tu és a cidade dos sonhos, recupere tua força, tua energia.

Vamos reviver os nossos cantos, encantos, crianças,

subir a avenida, o badalo do sino, sentar na Saldanha,

olhar as vitrinas, escolher um sapato, um tênis,

sorver um café, com massa folheada, ali na Copacabana.

Reage minha Santa Maria, não fujas, está é tua luta,

mantenha-se firme seguindo teu caminho, tua trilha,

dos teus antigos ancestrais, dos teus idealizadores,

e da Medianeira, de ser mãe, conselheira, educadora.

Reage minha Santa Maria, recupere teu brilho,

quero ver novamente o florir das tuas flores,

o colorido do ipês por entre os morros e,

nos lares mais sonhos, mais filhos, mais amores.

Já ouço surgir lá do oeste, de São Pedro, os rumores,

ou do sul, vindos de São Sepé, do Verde, os agitos,

nas faixas de Camobi surgem vários, aos bandos,

descendo pelo perau, vem os jovens, alegres, sonhadores.

Alcibaldo Almeida