Cenas do Tempo
No compasso dos ponteiros
Deturpando suas vontades
Instantes parecem milênios
Contrariando as verdades
Dentro dela
Há uma força ardilosa
Deu tons à inquietude
As estações são tons pastéis
Que ela colore, voluptuosa
Tenta num sorriso encobrir seu pesar
Contando cada passo
Sabendo onde quer chegar
E quando a névoa de impaciência
Em seu caminho esbarrar
Vai içar o horizonte
E deixar o Sol se achegar.
Faz do medo sua quimera
Ventos levaram para longe
A areia das ampulhetas
Sem pudor se vangloria
Ensaia sua peça
Onde o destino é antagonista da razão
A esperança é seu papel principal
Põe amor e delicadeza
Em um dia aparentemente normal.
Subitamente a dor
Dá-lhe uma rasteira repentina
De tristeza e muitas lágrimas
Profundamente desatina
Ela olha no relógio
Quanto tempo
Ainda há de faltar?
Todas as cenas se esvaem
Para a dúvida não despertar.
E a saudade
Em meio ao murmurinho
Sussurra de mansinho:
Acenda as luzes do infinito
Deixe a esperança contaminar
Pressa causa atrito
Ao verbo esperar.