DA BEATITUDE:

Quando todas as palavras forem ditas

Quando toda razão estiver vendida,

Quando você não for quem é.

Você se fará muletas.

Muletas dum monstro doente,

Um monstro canibal

De famintos e idosos.

Chamam-no capitalismo.

Rogo-vos muletas:

Rompa o aguilhão que se fez destino!

Funde ao meu peito,

O mórbido pesadume

A ira que me compele a cólera!

Hei de esvaziar tudo que é brando em meu espírito.

A paz encontra-se a esmo.

Todas as palavras agora mentem.

Veja-as nuas,

Veja-as ainda infância:

As crianças de verdade,

Envergonham os adultos de mentira.

Um versejar

Quando atinge a beatitude

Não esquece o tempo nublado.

Ramon Catarse
Enviado por Ramon Catarse em 03/04/2013
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